Saturday, December 4, 2010

risco I

Foto de Milton Osetto
Que risco há entre a reza e a crença?
O tempo se arrisca
no mistério
da prece


O resto é mar. 

Thursday, November 4, 2010

À Baiana






photo by Milton Osetto, Rio de Janeiro "amanhecer 6:00"
para Raiça


De tão líquida, Mulher,
de tanto mar nos olhos,
a boca seca - seca alma adentro,
o coração em ondas
escorre pela face. 








Sunday, October 24, 2010

Menção especial em NOSSIDE

Para quem esperava notícias sobre a poesia  "The Soul Keeper", ela recebeu menção especial no concurso internacional de poesia NOSSIDE patrocinado pela Unesco.  A edição 2010 teve 291 concorrentes de 57 nações de todos os continentes em 47 línguas. Fui uma das onze pessoas que receberam uma menção especial.  A Cerimônia de Premiação acontecerá em Reggio Calabria na sexta-feira dia 26 de novembro de 2010 na sede do Conselho Regional da Calábria, Palazzo Campanella.

Saturday, October 9, 2010

Poema selecionado Prêmio NÓSSIDE 2010

Tive o meu poema The soul Keeper selecionado para o Prêmio NÓSSIDE de poesia 2010, realizado pela UNESCO. É o único concurso de poesia que recebe inscrições de todas as línguas. 




The soul keeper

Ao retrato de Sabina Spielrein filmado por Roberto Faenza

No vórtice
varrendo as horas
do fundo do poço
um abismo sem dono
disfarça o escuro,
descasca dos muros
os musgos
que crescem ao roer da alma.

A dor disseca profunda,
bisturi de pulsantes vertigens.

O amor:
estende-se, (entende-se)
aprende-se, (enlaça)
vasculha e decepa
o fundo do oco bolor.

A mão que erige, molda
a vida
a argila
a pulsar
subterrânea
(no fundo vazio dos vórtices da alma)

Friday, September 17, 2010

foragida

foto Lello Caravano
falsa no tempo
a fala falha

[sentimento descontínuo]

a ferida afunda
fenda na alma

[sentimento descontínuo]

a força do falso
fura a carne
farta e renhida.

Wednesday, September 15, 2010

Friday, August 27, 2010

esquina







A casa          caiu e
o vácuo da....  não-
casa o        espaço
aberto             fisga
fere                 fundo
a ferida.

A rua muda
a sombra nua
espraia o sol
o vazio reverbera
os sons
meus passos passam

Friday, July 23, 2010

IL MUTO PARLANTE

foto Alex Dias




                                    - Antonio Lázaro de Almeida Prado


L’aria, il sole, il sale, la salamandra
Il giro, il graffio, il vertice, la vertigine
E la danza, il salto, la fiamma, la scintilla
Lo sciame, il volteggiarsi, il saltimbanco

Il lancio, lo svolazzare, fiamma e barlume
La caduta, la propulsione e l’ammattito
Vortice. Evoè! anima… Evoè! corpo!
Insieme alla ruota del lesto cerchio …

Che il canto spunti solo nel mutevole
Mai orizzontale, sempre ondulante
E salga e scenda, e giri, svolazzante
E faccia circonferire la quadratura.

Il canto della mente, il sagacissimo
Impeto di folgoranti emozioni
E il ritmo del ratto, correttivo
Alla temporeggiante tartaruga degli instanti.

Evoè! corpo, evoè! anima, falesie, evoè!
E andiamo verso l’audacia, verso il salto
Triplice del vortice, in girandole.

L’aria, il mare, il sole, la salamandra
Bruciante, oltre, ben oltre
Mai ferma, in un ratto che fa il vento
Assomigliare all’inciampante serpente zoppo.

L’aria, il sale, il sole, la salamandra …



Transliteração com muito carinho e admiração  por Francesca Cricelli
São Paulo 23 de Julho 2010

O MUDO FALANTE

.....................................de Antônio Lázaro de Almeida Prado

O ar, o sol, o sal, a salamandra
O giro, o risco, o vértice, a vertigem
E a dança, o salto, a chama, a chispa, o
Enxame, o rodopiar, o saltimbanco  


O lance, o tremular, a chama e centelha,
A queda, a propulsão e o tresloucado
Vórtice. Evoé! alma... Evoé! corpo!
Juntos à roda do leste círculo...  


Que o canto só desponte no mutável
Jamais horizontal, sempre ondulante
E suba e desça, e gire, rodopiante
E faça circulante a quadratura.  


A ciranda da mente, o sagacíssimo
Elã de fulgurantes emoções
E o ritmo do rapto, corretivo
À tarda tartaruga dos instantes.  


Evoé! corpo, evoé! alma, falésias, evoé!
E vamos para a audácia, para o salto
Triplo do vórtice, em girândola.  

O ar, o mar, o sol, a salamandra
Incendiada, para além, para além
Jamais parando, num rapto que faz o vento
Semelhante a trôpega serpente claudicante.   


O ar, o sal, o sol, a salamandra...   
  

Saturday, July 10, 2010

Dopo Mezzanotte, Via Mascarella


La tua avvilita fedeltà
è la mia pena
più dura da scontare.

..............................Sei sempre qui
quando esco di scena
con i lampi ancora negli occhi
e gli applausi.

............................Passeggiamo
sulle tibie leggere,
siamo un invisibile stemma,
una danza ben infelice
ai limiti della città,
hai subito molti colpi
sul tuo corpo di neve

............................(e dico
com'è triste l'anima mia, come piove
io son la furia del mio amore
e amore non ho) -

...........................Gradirei
un vino di commiato
ma tu nell'ombra che cammini
dai occhiate come rose di macchia.

La notte è un vuoto di stelle

e la mia piena di pianto e parole
impossibile da arginare.

..............................Tu
senza frode plachi il male
solo con l'esserne paziente.

Davide Rondoni, in”El Bar Del Tiempo y otros poemas”, Monte Ávila Editores Latinoamericana, Caracas Venezuela, 2008.
Na foto Davide Rondoni e Francesca Cricelli na Casa das Rosas. 

Wednesday, July 7, 2010

tradução de Davide Rondoni

Depois da meia-noite,
rua Mascarella
                                     

A tua vil fidelidade
é a minha mais dura
pena a cumprir.

Estás sempre aqui
quando saio de cena
com as luzes ainda nos olhos
e todos os aplausos.


Passeamos
sobre as tíbias leves,
somos um brasão invisível
uma dança bem infeliz
à periferia da cidade,
sofrestes muitos golpes
em teu corpo de neve

(e digo
como está triste a minha alma , como chove
eu sou a fúria do meu amor
e amor não tenho) –

Gostaria então
d’um vinho de despedida
mas tu na sombra em que caminhas
lanças os olhos como rosas de manchas.

A noite é um vazio de estrelas

e a minha cheia de choro e palavras
impossível de margear.
                                    Tu
sem fraude apaziguas o mal
só com o ser paciente.




Davide Rondoni, in”El Bar Del Tiempo y otros poemas”, Monte Ávila Editores Latinoamericana, Caracas Venezuela, 2008.

Tradução – Francesca Cricelli
São Paulo, 6/7/2010 

Esta tradução foi inspirada pela entrevista que Claudio Daniel fez a Augusto de Campos, em que Augusto - sobre o seu método de trabalho diz: "Traduzo muito mais poemas alheios do que faço os meus próprios. É uma forma de aprendizado, de crítica criativa e de conversa inteligente. Armazeno informações e me preparo, sem pressa" e pela grande admiração que tenho pelo trabalho de Davide Rondoni, pois tive o prazer e a honra de traduzi-lo quando esteve no Brasil, na Casa das Rosas em outubro de 2008. 

Wednesday, May 12, 2010

The soul keeper

Ao retrato de Sabina Spielrein filmado por Roberto Faenza

No vórtice
varrendo as horas
do fundo do poço
um abismo sem dono
disfarça o escuro,
descasca dos muros
                                      os musgos
que crescem ao roer da alma.

A dor disseca profunda,
bisturi de pulsantes vertigens.

O amor:
estende-se, (entende-se)
aprende-se, (enlaça)
vasculha e decepa
o fundo do oco bolor.

A mão que erige, molda
a vida
a argila
a pulsar
subterrânea
(no fundo vazio dos vórtices da alma).

Wednesday, March 17, 2010

buonanotte


Por mais concreto
o fascínio
por mais resoluta
a fala
a falta
- dos braços
- da febre
- da fábula
 
dissipam
a noite e
fazem
da reza
incompletos
silêncios
esparsos. 

Monday, March 1, 2010

Plúmbeo o céu

Plúmbeo o céu
cinza as janelas.
Chumba partidas
reparte, équo, o
quinhão. Eco de
rostos-grafites
latejam em vão.












photo by Creative Commons

Wednesday, February 3, 2010

No confessionário


Pai, às  vezes, tomada por uma vontade suicida, quero rasgar o saco de lixo e despejar a imundice escada abaixo. Vomitar dos sonhos, o mais recôndito: o avesso e adverso. Regurgitá-lo sobre o  lúcido mármore da minha própria felicidade. Bendita seja a palavra  que, sucinta, sublima a mais escorregadia manifestação da minha perversidade.

Amém.